Um estudo demonstrou que no Brasil não ocorreram evidências de transmissão comunitária antes do primeiro caso diagnosticado no dia 25 de fevereiro de 2020. Este foi o primeiro caso da América Latina.
A transmissão comunitária pode ser definida com a ocorrência de casos sem vínculo a um caso confirmado, onde não é possível saber qual a origem da infecção, se foi transmitida por pessoas que realizaram ou não viagens para o exterior.
Por meio da análise das sequências dos vírus, foi possível mapear que a maioria dos vírus foram introduzidos no Brasil diretamente em estados que possuem aeroportos com conexões internacionais: São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro e as sequências são similares aquelas encontradas na Europa e foram introduzidas entre os dias 22 e 27 fevereiro de 2020. Portanto, o vírus foi trazido ao Brasil antes das medidas de isolamento e proibições de viagens aéreas. Apesar da redução das viagens aéreas, o estudo mostrou mobilidade de pessoas, por meio das viagens, pode coincidir com a disseminação do vírus dos grandes centros urbanos para o restante do país. Por isso, a vinculação de algumas grandes capitais como epicentro da doença, ou seja, por medidas de mobilidade humana, o vírus foi se espalhando pelas cidades do interior do país.
Como não há até o momento, medidas farmacológicas para a erradicação da doença, visto que ainda não temos um medicamento específico, foram utilizadas medidas de isolamento social para tentar conter o avanço da mesma. Entre as medidas para a contenção da doença, as escolas foram fechadas entre os dias 12 e 23 de março de 2020 nos 27 estados da federação. Na cidade de São Paulo, por exemplo, as escolas foram fechadas no dia 16 de março e o comércio foi fechado 04 dias depois. Tal medida se mostrou eficaz pois mostrou mudanças na taxa de transmissibilidade da doença. No início da pandemia, esta taxa nas cidades São Paulo e no Rio de Janeiro era maior que 3, a partir das medidas de isolamento esta taxa caiu para abaixo de 01.
Com as recentes medidas de relaxamento do isolamento social adotadas no país, é necessária uma vigilância contínua para monitorar as tendências de transmissão e a introdução de novas linhagens no Brasil.
A importância do distanciamento social também é reforçada por um estudo recente que analisou 508 soldados suíços. Para este estudo, os soldados foram divididos em 3 grupos. Os grupos 2 e 3 dividiram as mesmas bases e os soldados tiveram contatos, dividindo a mesma cozinha e as mesmas áreas comuns. Os soldados do grupo número 01 não dividiram as mesmas bases, as quais foram separadas por aproximadamente 3 quilômetros, e mantiveram contato mínimo no período do estudo. Passados 54 dias de observação, 29% dos soldados dos grupos 2 e 3 apresentaram a doença e nenhum soldado do grupo 01 apresentou a infecção.
Quando a doença foi detectada nos grupos 2 e 3 os soldados mantiveram a distância de 02 metros um do outro, passaram a utilizar máscaras faciais e mantiveram a distância entre as camas para o repouso e entre as alimentações.
Portanto, o estudo também demonstrou que o isolamento pode diminuir a propagação da doença.
Reforçando que medidas como distanciamento social:
Fontes:
1. Bielecki M, Züst R, Siegrist D, et al. Social distancing alters the clinical course of COVID-19 in young adults: A comparative cohort study [published online ahead of print, 2020 Jun 29]. Clin Infect Dis. 2020.
2. Candido DS, Claro IM, de Jesus JG, et al. Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil [published online ahead of print, 2020 Jul 23]. Science. 2020.