A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu no dia 07 de julho de 2020 que há evidências da transmissão do novo coronavírus pelo ar, entretanto afirmou também que novos estudos precisam ser realizados para comprovar esta forma de transmissão.

Sabe-se que ao tossir, espirrar e conversar as pessoas emitem uma grande quantidade de gotículas de diversos tamanhos. As gotículas de saliva são partículas maiores, medindo cerca de 1 a 5 mm. Essas depositam-se em superfícies e não alcançam grandes distâncias, espalhando-se em um espaço de cerca de 1 a 2 m da fonte de infecção. Entretanto, existem partículas ainda menores chamadas aerossóis, que podem se espalhar por centenas de metros ou mais e são capazes de permanecer em suspensão no ar por períodos prolongados.

Figura 1: Transmissão pelo ar

Ao contrário do que muitos pensam, o aerossol, em seus diversos formatos, não é gasoso. São partículas sólidas ou líquidas que se encontram suspensas em um meio gasoso (geralmente o ar). Estudos demonstram que bactérias podem ser transmitidas por aerossóis e que algumas viroses como rubéola e varicela possuem esta via de transmissão.

A OMS afirmava que a transmissão da Covid-19 ocorria apenas pelas gotículas geradas quando os pacientes tossem ou espirram, seja pelo contato direto, seja pela precipitação em alguma superfície.

Entretanto, um estudo publicado em junho de 2020, mostrou que as pequenas gotículas liberadas por meio das falas podem conter vírus. A análise foi realizada em pacientes com a doença e em portadores assintomáticos (aqueles que estão contaminados pelo vírus, mas não possuem sintomas). A metodologia experimental utilizada para este estudo analisa as partículas no ar e a duração que elas permanecem no mesmo. Esta visualização direta demonstrou que ao falar as pessoas geram gotículas que são espalhadas pelo ar e podem ficar suspensas por cerca de 10 minutos ou mais. Assim, pode se considerar que é possível a transmissão do vírus pelo ar em ambientes fechados.

Um outro estudo realizado em Pequim investigou cerca de 10 rotas de transmissão possíveis em 35 pacientes com Covid-19. Foram coletadas 298 amostras, incluindo 26 amostras de ar e 242 swab de superfícies (coleta do material por meio de cotonete estéril). Os resultados mostraram que pacientes com Covid-19 exalaram vírus pelo ar. Mostrou também que as superfícies analisadas em banheiros e no chão são importantes reservatórios do vírus, confirmando a ideia de que o vírus permanece em superfícies. Então concluíram que a transmissão pelo ar é um dos modos importantes principalmente nos estágios iniciais da doença.

Portanto, estes estudos reforçam a recomendação do uso de máscaras e a ventilação de todos os ambientes.